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Ciclo de Vida do Salmão

             
 Ilustração de Robin Ade (fonte: http://www.nasco.int/atlanticsalmon.html)                                                                        Fotografias cedidas por Pablo Caballero Javierre e por Orlando Miranda

 

O salmão do Atlântico, Salmo salar L., por vezes referido como o "Rei dos Peixes", ocorre nas regiões temperadas e árticas do Oceano Atlântico, na vertente ocidental distribui-se desde a costa este da Gronelândia e bacias hidrográficas do Quebeque (Canadá) até ao Connecticut (E.U.A.). Na parte oriental do Atlântico está presente nas bacias hidrográficas que drenam para os mares Branco e Barents, passando pelo noroeste do continente europeu, bacias hidrográficas dos mares Báltico e do Norte, incluindo a Islândia. A sul, a vida deste peixe começa nos leitos de cascalho dos rios de Portugal (Lima e Minho), Espanha e Nova Inglaterra (EUA), e até à baía de Ungava (Canadá) e Rússia, a norte.
 
As migrações do salmão do Atlântico, Salmo salar L., podem atingir milhares de quilómetros do rio de origem até às regiões subárticas do Atlântico Norte. O ciclo de vida é complexo, alguns fenótipos (machos precoces) não abandonam o meio dulciaquícola, no entanto, são predominantemente anádromos. As primeiras fases do ciclo de vida ocorrem em água doce, e posteriormente, migram para o oceano onde se desenvolvem até à fase adulta. Aqui, o salmão cresce rapidamente como consequência dos abundantes recursos tróficos disponíveis, e experimenta profundas alterações morfofisiológicas, onde se desenvolve grande parte da fase adulta, voltando depois ao rio de origem para se reproduzir (comportamento de homing). Nem todos os indivíduos desta espécie morrem após a reprodução, ao contrário do que acontece com algumas das espécies do Pacífico (espécies semélparas), geralmente as fêmeas de salmão do Atlântico sobrevivem e podem completar novamente o ciclo reprodutivo (espécie iterópara).

Os mecanismos pelos quais o salmão migra com tanta precisão não são totalmente compreendidos. Acredita-se que o campo magnético da Terra estará relacionado com este fenómeno, aliado a pistas físico-químicas, que se combinam de forma única em cada estuário, e que por alguma razão os salmões conseguem reconhecer, permitindo uma localização bastante precisa do rio onde nasceu e ao qual retorna.

A desova ocorre no outono e no inverno, quando as fêmeas depositam entre 1000 a 2000 ovos por quilo de peso em ninhos escavados nos leitos de cascalho, a eclosão ocorre na primavera seguinte. As larvas (alevin) são nutridas entre 3 a 8 semanas pelas reservas vitelinas do ovo, até abandonarem os leitos pedregosos e iniciarem a alimentação exógena (fry) através da captura de presas. Durante o primeiro/segundo ano de vida (período que pode ser ainda mais alargado), os juvenis (parr) permanecem no rio, e após um processo de profundas transformações morfofisiológicas, originam os smolts, fase que antecede a migração para o oceano.

Muitos fatores quer de origem natural, quer antrópica, podem interferir neste complexo e ainda não completamente conhecido ciclo de vida, e é por essa razão, que a gestão deste recurso requer cooperação internacional.